terça-feira, 18 de junho de 2013

SA - Crônica "AVESTRUZ" - Mário Prata (Magali Zaparoli)

Situação de Aprendizagem 
Gênero: crônica e sua estrutura

Ativação de conhecimentos de mundo; 
antecipação ou predição; 
checagem de hipóteses.

Público: Alunos 5ª série – sexto ano
Texto:  Avestruz – Mário Prata

 1. Conhecimento de mundo: diagnosticar por meio de perguntas e hipóteses o que o aluno sabe a respeito do avestruz.

a)      Alguém já viu , ou conhece um avestruz ?
b)      Descreva um avestruz:

2. Antecipação ou predição: texto não é uma folha em branco. Jogo de adivinhações.
O que você acha que será descrito no texto

3. Checagem da hipótese: confirmando ou não.
Leitura do 1º parágrafo.
O que acontecerá, o garoto ganhará o avestruz   ?
Quanto pesa um avestruz ?
Qual é a altura dele?

4. Estrutura da crônica:    
- Personagens
- Conflito apresentado
- Argumentos
- Desfecho

5. Comparação de informações: ao longo da leitura comparando

6. Generalização: armazenamos informações na forma de generalizações – síntese

7. Inferências locais: levantamento de vocabulário

8. Inferências globais: nem tudo está dito está implícito  deduzidos em conhecimento de mundo

9. Atividade de lição de casa:

Pesquisar e entregar –
O que é crônica ?

Trazer uma crônica para leitura na sala de aula.

Cursista
Magali Zaparoli
Situação de Aprendizagem do conto “Pausa”, de Moacyr Scliar, feito pelo grupo presencial da cursista Katia Regina de Souza Costa

Público alvo: 8ª série/9ºano.
Aulas previstas: 3 a 4.

1ª etapa

  • Elaboração de questões para diferentes etapas da uma situação de aprendizagem, que terá como foco a leitura.
  • Ativação do conhecimento de mundo e antecipação, através de questionamentos sobre relacionamentos, cotidiano familiar, cotidiano dos domingos em família.
  • Entrega do texto e início da análise:
-      Roda de leitura com localização de informações, leitura dos parágrafos fragmentados e orientados, apresentação de personagens, localização do espaço da narrativa, reconhecimento dos elementos narrativos e organização textual.
-      Questionamentos sobre o  título buscando verificação vocabular e ampliação vocabular.
-      Oralmente levantar hipóteses das leituras sobre os aspectos  físicos, comportamentais e  pressupostos/subentendidos sobre atitudes e relacionamentos das personagens envolvidas.
2ª etapa
Por optar pela estratégia de leitura fragmentada e comentada a recuperação do contexto é feita com retomada contínua.
-      Comparações com outros textos, musicas que tratem do mesmo tema: “ Fuga” e/ou “ relacionamento conturbado”
-      Elaboração de uma cena teatral, poesia, charge, tirinha que retome o tema e as reflexões contidas no conto.

domingo, 16 de junho de 2013

SA - “Meu primeiro beijo” - Antonio Barreto (Luzia Ferreira)

  Beijando através do tempo

  Público alvo: Alunos do 3° ano do Ensino Médio
  1°Etapa:
  1.1 Leitura individual da crônica “Meu primeiro beijo”, Antonio Barreto.
   Tema da aula: Elaboração de crônica e sensibilização artísticas, integrando diferentes linguagens.
  Beijando através do tempo
  1.2 Roda de conversa: levantamento das informações, relacionar os depoimentos dos alunos com o assunto da crônica.
  1.3 Analisar a estrutura da narrativa / origem da cônica.

  2° Etapa
  2.1 Produção da atividade: Reelaborar a crônica “Meu primeiro beijo” alterando a ótica do narrador ( O Cultura inútil narrando como foi o seu primeiro beijo).
  2.2 Trabalho em grupo: A partir da temática “o beijo” pesquisar as principais características das Escolas Literárias e o contexto histórico e realizar a produção crônica que dialogue com esta perspectiva.
Cursista: Luzia Ferreira

SA - Texto "PAUSA" de Moacyr Scliar (Márcia RF Ribeiro)

     Esta Situação de Aprendizagem foi pensada e elaborada durante encontro do Curso Melhor Gestão, Melhor Ensino na diretoria de Diadema no dia 14/05/2013. A princípio seria postada pelo grupo no ambiente virtual do curso.
No decorrer dos módulos, houve mudança no agrupamento. A  Situação de Aprendizagem foi retomada e adaptada com a ciência de todas as participantes do grupo inicial.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM (LEITURA) - Texto "PAUSA" de Moacyr Scliar
Público alvo:  8ª série / 9º ano
Tempo de Duração:   02 a 03 aulas
Materiais:   Cópias do texto “Pausa”, dicionários, fichas de leitura.
Eixos de aprendizagem:   leitura, oralidade e escrita
 
Curso Melhor Gestão, Melhor Ensino
 Situação de Aprendizagem com foco na leitura
  Antes da leitura
Antes de apresentar o texto para que os alunos leiam, deve ser feita estimulação dos mesmos e o acionamento de seus conhecimentos de mundo. É momento de antecipação do que está por vir. Informe à classe que eles lerão um texto cujo título é “Pausa”. A partir daí levante hipóteses sobre o que poderão encontrar na leitura através das seguintes questões:
1. Qual o significado da palavra pausa?
(Registrar os significados. Espera-se uma variedade de respostas: intervalo, parada, descanso...)
2. Que tipo de texto teria como título a palavra pausa?
(Aqui aos alunos devem indicar algumas características quanto aos gêneros textuais possíveis)
3. O que seria abordado em um texto cujo  título é “Pausa”?
      ( Fazer o registro das hipóteses. )
  Durante a leitura
  Antes de distribuir os textos, iniciar a leitura do texto até o  parágrafo. Checar, então, e reformular as hipóteses conforme os alunos forem falando.
Pretende-se aqui aguçar a curiosidade e o imaginário do aluno para os rumos possíveis da narrativa. Pode-se buscar indício para esses rumos a partir de trechos significativos do texto ( a forma como a mulher é apresentada ao leitor, o fato de o marido sair todos os domingos de manhã e voltar só à noite....).
Checadas e refeitas as hipóteses, observados os indícios, distribuir o texto para que os alunos continuem individualmente a leitura.
  Levantamento de palavras
  Após a leitura, listar com os alunos, para que pesquisem no dicionário as palavras de uso incomum no cotidiano. E reler o texto par os alunos com entonação diferenciada, acentuando a voz em  momentos específicos do texto ( a chegada ao hotel, ao passar pelas mulheres, o sonho, o despertar, a conversa com o recepcionista do hotel).
  Conversando sobre o texto
  Como etapa final das estratégias de leitura, sugere-se uma roda de conversa a partir
 das seguintes questões:
  1.  Em algum momento da leitura pode- se pensar  que há traição na história? Recupere esse momento no texto.
    2. Como você caracterizaria a mulher a partir das informações do narrador? E o homem?
    3.  Como você analisa a situação desse casal?
    4. O que o homem estaria  fazendo de fato?
     5. Que atitude ele deveria tomar em relação a essa situação?
  Registro das leituras e impressões
        Nesse momento é importante discutir com os alunos as estratégias de leitura que foram usadas, os caminhos de leitura percorridos e as habilidades em jogo. É interessante registrar as aprendizagens dos alunos através de fichas individuais em que eles possam anotar seu percurso de leitura e sua maneira de interpretar o texto a partir das suas percepções e  das intervenções professora. E que perceba que essas são estratégias que desenvolvem a capacidade leitora e também escritora, pois ativam conhecimentos que já possuam e agregam novos conhecimentos sobre o gênero textual, o tema e o estilo de produção do autor.
 
Diretoria de Diadema
Orientadora:  Priscila Cristina Ribeiro Sarmento
Componentes do Grupo:
Carmen 
Célia
Edna
Eliane
Leonor
Márcia

Conto: "Pausa" - Moacyr Scliar (Márcia RF Ribeiro)

          
        A sequência didática de leitura que postarei logo mais, teve como objeto de estudo o conto "Pausa" - Moacyr Scliar postado abaixo.

           Este conto é muito interessante, pois nos leva a refletir sobre a nossa estressante rotina diária num mundo voltado somente para os afazeres quase não sobrando tempo para o lazer, para as atividades relaxantes e prazerosas. E, mesmo durante o repouso, como é o caso de Samuel, nosso subconsciente continua intimamente ligado às brigas, agitações e correrias do dia a dia. 

 







                  PAUSA - MOACYR SCLIAR


         Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:           

          —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.            
         — Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.            
         — Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches:            
— Por que não vens almoçar?            
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:            
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:            
— Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...            
— Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.            
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:            
— Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. 
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas.  Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

          Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.           

— Já vai, seu Isidoro?            
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.            
— Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.            
— Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.            
— O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.


(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

Cursista MGME
Márcia R.F. Ribeiro




terça-feira, 11 de junho de 2013

SA - "Meu primeiro beijo" - Antonio Barreto (Leila Zadra)

Situação de Aprendizagem "MEU PRIMEIRO BEIJO" - Antonio Barreto
Cursista: LEILA COELHO ZADRA

Publico Alvo - 9º Ano
Objetivos :  * Através da crônica "Meu Primeiro beijo", trabalhar o gênero entrevista;
                  * Desenvolver relações de intertextualidade e interdisciplinariedade;
                  * Ativar valores éticos, sociais e culturais
1º Passo:  Apresentar para a sala a música "Beijo" da Ivete Sangalo para despertar interesse pelo assunto com pergunta diretas : Já beijou? Quando e como aconteceu? Foi como esperava? Como ocorre essa experiência nos dias de hoje? E com seus avós, será que foi da mesma maneira? A atividade despertará também o conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto. Abrir para discussão coletiva.
2º Passo: Solicitar a leitura do texto, focalizando e explanando as características do gênero crônica. Explicar que usaremos o gênero em questão para trabalhar outro gênero: a entrevista. Nesse momento explicar a transposição de um gênero para outro e abordar público alvo e veículos de circulação de ambos os gêneros. Explicar aos alunos que as outras disciplinas trabalharão o mesmo assunto focalizando seus conteúdos.
3º Passo: Ativar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do gênero entrevista com discussão aberta e coletiva, analisando detalhadamente sua função social. Conduzir os alunos para a  reflexão sobre o papel e postura esperadas do entrevistado e do entrevistador. Se possível apresentar um vídeo com o gênero.  Expor as característica do gênero entrevista x características do gênero crônica discutindo as particularidades.
4º Passo:  * Dividir a sala em grupos de 04 alunos;
                * Solicitar a elaboração de um roteiro de entrevista de acordo com o interesse do grupo, delimitando gênero e faixa etária dos entrevistados;
                * Após correção e adequação das perguntas, solicitar que os alunos saiam a campo (dentro ou fora da escola) para coleta de dados;
                * Solicitar aos alunos a tabulação dos dados colhidos e montagem de gráficos
                *  Solicitar análise dos dados e dos gráficos para conclusões finais e a execução de um relatório escrito. Nesse momento deverão utilizar os conhecimentos trabalhados nas outras disciplinas (interdisciplinariedade). Exemplos: Matemática (gráficos), História (Contexto e evolução histórica sobre o assunto escolhido); Educação Física (comportamento); Biologia (Organismo e suas reações) e arte (imagens).
5º Passo: Socialização dos resultados, à escolha do grupo,  através de palestra, debate ou seminário. Qualquer um dos gêneros utilizados será necessário ser escritos e expostos com utilização de audio, vídeos. imagens, ou seja, devem ser apresentados aos demais alunos enfatizando o objetivo da pesquisa, as conclusões a que chegaram e as curiosidades que apareceram no percurso das entrevistas.
6º Passo: Dramatização da importância do ato "beijar" observado em diversas culturas e situações de uso, tais como expressão de amor ou amizade e suas diferenças, respeito e comprometimentos entre os pares, entre outras abordagens. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Depoimentos de leitura e escrita

Depoimento de leitura e escrita da cursista Katia Regina de Souza Costa

A leitura estimula a reflexão, tanto é que ao ler os depoimentos de pessoas tão diferentes umas das outras e de mim, e ouvir os depoimentos e as colocações dos entrevistados por Gilberto Dimenstein saíram de minha memória lembranças que estavam completamente adormecidas.
Lembro-me que aos seis anos de idade brincava algumas vezes de escolinha. Ainda não era alfabetizada, mas eu insistia em ser a professora, mesmo sendo mais nova que minhas coleguinhas.
Imediatamente vem em minha lembrança a homenagem que fiz para minha professora aos sete anos de idade. Isso significa que fui alfabetizada nesse ínterim. Usávamos a cartilha “Caminho Suave”, o que era muito boa, pois não me lembro de ter amigos analfabetos, mesmo sendo naquele tempo em que estudar era de certa forma, para uma elite. Não que a escola segregasse, mas porque não havia obrigatoriedade, ou seja, ir à escola era para quem quisesse, para quem valorizasse os estudos.
A mamãe era uma dessas pessoas que valorizava por isso, mesmo com a nossa vida bem difícil, ela sempre que podia comprava ou ganhava um livro para os filhos. É impressionante, parando agora para analisar, como ganhávamos coisas relacionadas aos estudos! Até uniforme cheguei a ganhar depois que a “Caixa” parou de fornecê-los.
A “Caixa” também não fornecia livros, então era comum eles serem passados dos filhos mais velhos para os mais novos. Eu era a mais velha aqui em São Paulo, mas ganhava dos primos que eram mais velhos do que eu. Chegava a ter livros repetidos, que repassava para quem não os tivessem.
Era natural que com tantos livros circulando em minha casa eu tivesse acesso aos de histórias, que eu amava. Mesmo aqueles que não tinham um final muito feliz.
O primeiro livro que li, e acho que muitos da minha geração o leram, foi “Meu pé de laranja lima”, de José Mauro de Vasconcelos; na mesma ocasião li “Éramos seis” e foi assim que me tornei leitora.
Não posso deixar de mencionar os cânones que líamos a partir da 1ª série ginasial, o atual 6ª ano. Penso que até por isso os professores de português daquela época eram tão temidos, pois a leitura de Machado de Assis, José de Alencar, Antônio Manuel de Almeida, por exemplo, são complicadas para essa faixa etária ainda hoje.  
Não posso deixar de mencionar um caso muito especial, que aconteceu nos meus treze anos: eu trabalhava numa empresa de marcas e patentes, quando o vendedor de uma editora nos visitou para vender coleções. Muitos compraram, pois o pagamento era facilitado. Eu comprei uma coleção de cinco volumes, de Freud. O banco não emitiu os boletos porque eu era menor de idade. Dois anos depois, quando a editora, por meio de advogado fez a cobrança, eu já havia lido toda a coleção.
Há outras histórias a respeito de leitura e escrita. Se precisarmos...
Abraços.

Depoimento de leitura e escrita da cursista Leila Coelho Zadra

Minha experiência com a leitura começou antes de chegar à escola, pois minha mãe costumava ler alguns livros para mim e meus irmãos. Família grande e com poucos recursos, mamãe lia os mesmos livrinhos várias vezes. Por ela trabalhar muito, o momento de leitura era muito especial para todos nós; ficávamos todos juntos e viajávamos nas historinhas. Gosto muito de ler principalmente por prazer, porém não sigo nenhuma regra, leio qualquer coisa, mas não gosto muito de livro de auto-ajuda. Já a experiência com a escrita é um pouco mais complicada, pois demorei um pouco para escrever e até hoje sempre demoro muito para elaborar um texto, mudando de ideia muitas vezes e nunca estando satisfeita com o produto final. Ler e escrever, na minha opinião, são atividades complementares, pois a leitura ajuda a escrever melhor e quanto mais escrevemos, mais precisamos ler. Quando era adolescente lí muitos romances Julia e Bianca; lia um por dia e os trocava ora nas bancas de jornais, ora com minhas amigas. No meu tempo de colégio conheci os romances canônicos e daí me apaixonei por literatura e por uma boa leitura.
Hoje em dia acostumada com a internet fico hora navegando em sites e blogs relacionados à minha profissão em busca de novidades, novos olhares e textos para meu próprio aprimoramento e também que possam ser utilizados com meus alunos. Os textos multimodais, ou seja, com recursos visuais, sonoros e com hiperlinks são maravilhosos e tornam a leitura uma experiência única.

Depoimento de leitura e escrita da cursista Luzia Ferreira

              Olá, colegas, quero compartilhar um pouco da minha experiência como a leitura e a escrita entraram na minha vida, para começar meus pais não sabiam nem ler nem escrever, mas eram pessoas com grandes experiências na vida e reconheciam a importância da leitura e da escrita como crescimento humano, nos  incentivavam muito a mim e aos meus irmãos. Morávamos no interior e toda s as noites meu pai e minha mãe sentavam-se conosco no chão e nos contavam várias histórias as quais eles aprenderam com seus pais  era e  ali alguns de nós acabavam dormindo e eles nos levavam para cama. Eles também cobravam a colaboração dos irmãos mais velhos para ensinarem os mais novos, e acreditem no meio das brincadeiras meus irmãos escreviam as primeiras letras do alfabeto do no chão  arenoso do interior e assim que aprendi as primeiras letras e formar as primeiras palavras ,quando fui para a escola já estava alfabetizada e  hoje sou professora e  todos os meus irmãos tem curso superior. Foi muito importante relembrar este momento tão maravilhoso em  minha vida.



Depoimento de leitura e escrita da cursista Márcia Regina Farias Ribeiro

Ler e escrever foi a maior descoberta da minha vida. Não sei explicar muito bem como se deu esse processo, pois fui alfabetizada fora do ambiente escolar, durante as brincadeiras de “escolinha com amigas que já frequentavam a escola.
Meus pais não tinham condições financeiras de matricular-me numa pré-escola. Acredito que há quarenta anos não existia este tipo de ensino na rede pública, ou então os estabelecimentos ficavam  muito longe da minha casa. Eu fui apresentada ao gênero narrativo (na época eu nem sabia que tinha essa designação), relato de memória, por meio da oralidade pela minha avó materna, Maria. Ela era analfabeta, mas tinha um vasto conhecimento de mundo, afinal era filha de escravos, órfã de pai e mãe, ficou aos cuidados da madrinha que a transformou numa das  empregadas da casa, casou-se cedo, mas logo ficou viúva com a minha mãe ainda bebê, enfim, passou e superou diversas adversidades no decorrer da vida. Hoje, as vezes fico pensando, se eu tivesse anotado todos os ricos depoimentos em forma de histórias, poderia até escrever um livro.
Minha avó era uma pessoa simples e muito humilde assim como as suas histórias. Eu ficava fascinada com aquelas narrativas, muitas vezes, eu me atrevia a criar finais diferentes para elas, eu criava desfechos felizes. Minha avó achava engraçado. Ela me dizia que eu deveria aprender a ler e a escrever para conhecer e desbravar outros mundos e para ser alguém na vida.  Como eu era criança, não entendia o que ela queria dizer, porém agora compreendo muito bem a dimensão da importância de saber ler e escrever com habilidade e competência.
Quando consegui juntar as letras e descobrir o significado daquele amontoado de letrinhas foi como tivesse descoberto uma arca do tesouro. Eu tinha dificuldades para entender alguns significados porque eu não tinha critério de leitura, lia o que aparecia, e o meu primeiro livro versava sobre anatomia. Foi cômico. No entanto, não me dei por vencida, insisti. Lia trechos de notícias em revistas e jornais usados, fotonovelas, gibis e quando não entendia, recorria às amigas.
Aos seis anos fui aceita na escola, no meio do ano letivo como ouvinte depois de muita persistência da minha mãe.  Não havia vagas nem mesmo para as crianças com sete anos completos. Mas eu queria entrar na escola de qualquer jeito, fiquei doente por isso. Em meados de setembro do mesmo ano, minha mãe foi chamada para efetivar a matricula, pois eu acompanhava a turma, que felicidade. A cartilha “Caminho Suave” e os meus caderninhos eram meus companheiros inseparáveis. Cuidava deles com muito zelo.
            Já na segunda série do antigo primário, ganhei da minha professora, dona Claudete,  o meu primeiro livro, era contos de fadas. Eu possuía outros, mas não foram dados a mim. Apareceram em casa. Aquele não, ele era especial, ganhei devido a minha dedicação. Ele era composto por três histórias, “A gata borralheira (Cinderela)”, “Chapeuzinho Vermelho” e a “Branca de Neve”. Eu amava ler cada uma das narrativas e não cansava de fazer as releituras, pois sempre descobria algo novo.  “A gata borralheira (Cinderela)” era a minha preferida porque muito se assemelhava à trajetória de vida da minha avó, e tinha um final feliz.
Dona Claudete sempre nos atentava para a importância da leitura e escrita, “Para vocês serem eficientes leitores e produtores de textos é preciso que estejam em contato constante com os mais diversos textos (bula de remédio, manual de instrução, fotonovela, gibis, jornais, romances, etc). Mesmo que não gostem, leiam, pois vocês só poderão criticar com propriedade  aquilo que conhecem”.
Hoje, sou professora de Língua Portuguesa e me orgulho muito disso. Sou leitora assídua dos mais diversos gêneros de textos e concordo plenamente com o depoimento da Marilena Chauí quando ela diz, “(...) Ler, acredito, é uma das experiências mais radiosas de nossa vida, pois, como leitores, descobrimos nossos próprios pensamentos e nossa própria fala graças ao pensamento e à fala de um outro. Ler é suspender a passagem do tempo: para o leitor, os escritores passados se tornam presentes, os escritores presentes dialogam com o passado e anunciam o futuro”.

Depoimento de leitura e escrita da cursista Magali Zaparoli Pineiro Cunha
Eu costumo falar no esplendor do livro porque ele abre para mundos novos, ideias e sentimentos novos, descobertas sobre nós mesmos, os outros e a realidade”
                                                                                                                          Marilena Chauí

“A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.”,
                                                                                                                          Antônio Cândido

A experiência literária é um ritual antropofágico. Antropofagia não é gastronomia. É magia.”
                                                                                                                              Rubens Alves

Os tantos significados dados pelos famosos e as experiências relatadas pelos colegas de curso me fizeram viajar no tempo de Kairós e relembrar os primeiros momentos de contato com o mundo de esplendor, no qual as histórias de minha avó me fizeram embarcar.
Assim como os depoimentos de Gabriel Pensador e de Gilberto Gil, o de Márcia Farias e tantos outros lidos, eu também tive minha avó como a responsável pela minha iniciação ao mundo das historias, que para mim são todas fantásticas.
Lembro-me que minha querida vozinha nos estimulava a fazermos interferências nas histórias, como fazer o vilão sofrer, criar situações felizes para a heroína que sofria, enfim, tinha dias que alterávamos totalmente a história.  É incrível como elas se repetiam, no entanto cada vez que ouvíamos parecia outra.
O interesse em me apropriar da leitura nasceu sem eu mesma perceber, passava horas com o mesmo livro de fábulas, que tínhamos em casa. Quando dei por mim já estava lendo. Entrei na escola já sabendo ler. No entanto, a escrita foi mais complicada, porque eu até dominava o código, mas eu achava minha letra horrorosa. Vivia experimentando letras. Quem me fez superar isso, lógico, foi minha professora da 3ª série.

Eu penso que as experiências com a leitura e a escrita das pessoas de minha geração são bem parecidas. Elas eram usadas, quando se tinha necessidade. Nós éramos apresentadas para o mundo das palavras por meio da tradição oral.